Em 02/05/2021
Por
Eden Jr.
Alex Brito
Irrefutavelmente 2021 é um ano indelével. Por um aspecto trágico é a época em que ainda sofremos os efeitos dramáticos, e deveras imprevisíveis, da terrível pandemia da Covid-19, que, até a gora, provocou, lamentavelmente, a morte de mais de 400 mil brasileiros, vergou a economia nacional em 2020, causando a queda do PIB de 4,1% – a maior em 24 anos –, produziu a extinção de incontáveis empresas, levou ao desemprego 14 milhões de cidadãos, aumentou a fome a pobreza e a desigualdade no país.
Contudo, por outra vertente, comemoramos duas datas gloriosamente marcantes neste ano, ambas relacionadas à comunicação maranhense. A inicial, em alusão ao bicentenário da imprensa em nosso Estado, isso pois, em abril de 1821 era criado o primeiro jornal maranhense: O Conciliador do Maranhão – que circulou até julho de 1823. Esse nosso jornal foi instituído pela Administração local, então vinculada à Coroa portuguesa, que no começo era publicado de forma manuscrita e depois de modo impresso, na Tipografia Nacional Maranhense, que pertencia ao Governo da Província.
A outra, faz referência aos 95 anos de fundação do Jornal O Imparcial – o periódico mais antigo em circulação no Maranhão. O Imparcial foi inaugurado em 1° de maio de 1926 pelo jornalista e comerciante João Pires Ferreira. Em outubro de 1944, o matutino foi adquirido pelos Diários Associados, na ocasião o mais importante grupo de comunicação do Brasil, de propriedade de Assis Chateaubriand. O Imparcial sempre esteve na vanguarda dos jornais do Estado, introduzindo aqui técnicas pioneiras, como a máquina de escrever em sua redação, a impressão off-set e a composição computadorizada.
No que se refere aos princípios basilares da imprensa mundial, O Imparcial notabiliza-se pelo mais absoluto esteio de profissionalismo e trato responsável das notícias, que tão adequadamente embasam a formação e a consolidação do pensamento da nossa sociedade. A importância de O Imparcial não se resume apenas na responsabilidade social de garantir a fidelidade da notícia, mas sobretudo na defesa tempestiva do compromisso com os fatos e de sua interpretação plural, oferecendo ao leitor maranhense, ávido não apenas pela notícia em si, mas por sua interpretação e análise, um leque importante de possibilidades. Grupos, visões, ideologias e tendências diferentes – e eventualmente antagônicas – tem precioso espaço nas páginas de O Imparcial, para que o leitor possa construir a sua própria convicção a partir de posições heterogêneas.
Talvez o maior exemplo, da multiplicidade sustentada pela integridade, esteja na dimensão tomada pelo Caderno Opinião que, a partir do trabalho cooperativo, tornou-se um celeiro de colaboradores qualificados com interpretações, análises e pontos de vista distintos e igualmente instigantes. Os assuntos discutidos na seção impuseram-se como ameaça à monotonia do “diálogo de um só assunto” ou da leitura tediosa, sem graça que não compele e não incita à reflexão. Comentam-se os grandes temas que atravessam a vida nacional e internacional, seja de economia, política, saúde pública, meio ambiente, leis, e do espírito dessas, das eleições, e de tantas outras questões de grande envergadura que alcançam todos nós. Mas também se opina, com a mesma elegância e didatismo, sobre o nosso cotidiano, as nossas peculiaridades, ruas e praças, o que nos apetece e, por vezes, nos aborrece.
É claro que as transformações recentes, as tecnológicas principalmente, produziram fissuras no “monopólio” informativo dos grandes órgãos tradicionais de imprensa, modificando, inclusive, o modelo de negócio e a forma de contar as histórias. Mas o jornalismo sério, engajado, de qualidade e democrático necessariamente migrará para o chamado “jornalismo participativo”. Indubitavelmente, o espaço de opinião construído por O Imparcial, que ampliou a esfera pública e expandiu o campo de liberdade do debate qualificado e plural, é um exemplo necessário e importante desse jornalismo de participação.
Em tempos do avanço inexorável da internet, universo que O Imparcial tão bem domina – prova disso é que o seu site de notícias é um dos mais acessados do Maranhão – esse órgão reafirma-se como vital. Isso tanto por ser um veículo profissional e comprometido com a apuração e divulgação real dos fatos, quanto por obstar a assimilação das fake news – essa praga maliciosa, sorrateira e repugnante, que tantos malefícios e tragédias tem causado ao Maranhão, ao Brasil e ao mundo. O Imparcial, um jornal, cada vez mais, essencial! Que venha o centenário!
Publicado originalmente no Jornal O Imparcial, 02/05/2021.