Publicações
Textos para discussão
Em 25/05/2024
Por
João Bosco e Alex Brito.
Neste texto, serão apresentadas as interpretações das divergentes visões acerca da crise econômica do governo Dilma Rousseff. Para perspectiva ortodoxa a desaceleração da atividade econômica 2011-2014 é explicada pela queda da produtividade da economia que por sua vez está relacionada com o aumento da intervenção do governo na economia, pelo expansionismo fiscal e pelos incentivos direcionados de maneira equivocada. Para a interpretação novo desenvolvimentista, a Nova Matriz Econômica não logrou desvalorizar o câmbio ao patamar necessário para a recuperação da competitividade da industrial nacional; reduziu a capacidade de arrecadação ao tempo em que fez a desoneração fiscal, sem estimular o investimento privado; não fomentou uma política industrial, além de ter elevado o nível de incerteza dos agentes econômicos. Já para a perspectiva social-desenvolvimentista, a crise foi resultado dos ajustes macroeconômicos pelo lado da oferta, além da escolha do gasto público focado no crescimento das desonerações fiscais, subsídios e aumento das transferências às famílias, em detrimento da expansão do investimento público.
Em 25/04/2024
Por
João Bosco e Alex Brito.
Este texto tem por objetivo apresentar um panorama sucinto e introdutório sobre o governo Dilma Rousseff contemplando aspectos econômicos e políticos. Apresenta-se inicialmente a trajetória da presidente, desde a sua participação no governo Lula até a sua chegada a presidência da república, perpassando pela crise política que culminou na sua deposição, resultado do processo de impeachment. Em seguida, são apresentadas as principais políticas econômicas implementadas durante os seis anos do governo Dilma, abordando o período de vigência, os objetivos de cada fase, os instrumentos de política econômica utilizados e os resultados alcançados. Por fim, propõe-se uma análise do desempenho dos principais indicadores macroeconômicos correlacionados com as respectivas políticas econômicas, de modo a se observar os resultados gerados em contraposição aos objetivos de cada política.
Em 24/02/2024
Por
Raimundo B. de Souza Jr. e Alex Brito
Este estudo teve como propósito responder à seguinte pergunta: os efeitos da abertura comercial sobre a dispersão salarial nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento são condizentes com as predições do modelo HOS? A previsão do modelo Heckscher-Ohlin-Samuelson (HOS), junção do modelo HO com o teorema SS, seria de que, nos países desenvolvidos, os salários dos trabalhadores qualificados aumentariam ao passo que os dos trabalhadores menos qualificados sofreriam uma redução. O efeito da globalização, nos países desenvolvidos, seria, então, o de aumentar a dispersão salarial entre estes dos tipos de trabalho. Para consecução dos objetivos propostos, recorre-se à revisão sistemática (meta-análise). Segundo Figueiredo Filho (2014, p. 209), a meta-análise “[…] é um procedimento metodológico que sintetiza uma determinada quantidade de conclusões num campo de pesquisa específico”. Utilizou-se o método PRISMA de revisão, com algumas adaptações. Os resultados sugerem que, no que se refere aos países desenvolvidos, a abertura comercial não só provocou o aumento da dispersão salarial entre trabalhadores qualificados e menos qualificados, como manteve aquele aumento ao longo dos anos após a liberalização do comércio, ratificando as previsões do modelo HOS. Quanto aos países em desenvolvimento, a abertura não levou a uma redução da dispersão salarial conforme predito pela teoria neoclássica do comércio internacional.
Em 25/01/2024
Por
Lourilayne Martins de Jesus e Alex Brito.
O termo “capital humano” refere-se a um tipo de investimento ou acumulação de capital realizado pela própria pessoa. Esse capital acumulado inclui educação, treinamento, experiência profissional, cuidados com a saúde e outros aspectos relevantes. Logo, quando uma pessoa dedica parte do seu tempo livre para aprimorar suas habilidades e conhecimentos, ela está investindo em capital humano. Assim, para a Teoria do Capital Humano, as pessoas incorporam diferentes quantidades de capital humano, isto é, capital investido em educação. Conforme esse investimento em capital humano é realizado, as diferenças na qualidade de mão de obra são notadas. Sendo assim, habilidades cognitivas são desenvolvidas, e considerando uma distribuição igualitária de salários, os trabalhadores devem ser remunerados de acordo com sua produtividade marginal. Logo, existiria uma associação direta entre habilidade cognitiva e produtividade, induzindo os adeptos da teoria a acreditarem que aumento no nível de educação dos indivíduos leva a elevação dos salários. Essa abordagem dificulta a consideração das possíveis restrições à mobilidade no mercado de trabalho. Um dos problemas identificados nessa teoria é a ênfase de que o capital humano é o resultado de decisões de investimentos específicos. A excessiva valorização dos investimentos em educação impede a identificação das causas das disparidades de renda entre indivíduos. As pessoas possuem características que não são estabelecidas apenas pelo grau de educação, ou seja, o capital humano não compreende todos os atributos de uma pessoa. Assim, este estudo aponta as considerações críticas que surgiram a essa teoria apontando a atual abordagem de segmentação do mercado de trabalho que tenta explicar a dualidade nos mercados de trabalho.
Em 26/05/2020.
Por
Alex Brito
Saulo Pinto
Francisco Mascarenhas Jr
No dia 8 de maio, o Imperial College, publicou o relatório de número 21 intitulado Estimating COVID-19 cases and reproduction number in Brazil. O documento traz estimativas para 16 estados da federação, com números de óbitos superior a 50. As estimativas tratam do número de mortes, da proporção de pessoas infectadas (attacks rates), mas principalmente da taxa de óbitos por infecção (IFR – estimated infeccion fatality ratio), da intensidade de transmissão do vírus no tempo (Rt – time-varying reproduction number) e dos impactos das políticas de intervenções de saúde pública, como o fechamento de escolas, o distanciamento social e as medidas de restrição de mobilidade, entre outras. O propósito deste texto é contribuir na divulgação científica dos resultados apresentados no relatório – considerando os rebatimentos da situação da pandemia da COVID-19 no Maranhão – de maneira a qualificar o debate acadêmico e profissional sobre as projeções dos indicadores relevantes para análise da trajetória da epidemia em nosso estado e sobre os impactos das medidas de saúde pública implementadas na contenção da transmissão do SARS-CoV2.
Em 25/06/2020
Por
Alex Brito, Daniele Amorim Silva, Edyr Pereira, Jersiton Matos, João Eduardo Melo, Safira Carvalho, Saulo Pinto, Enrique Pavani, Haniel Ericeira, Mario Henrique Sousa, Victor Emanuel e Francisco Mascarenhas Jr
O estudo buscou analisar os impactos do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, implementado pela Medida Provisória 936, de 1º de abril deste ano (MP 936/2020) sobre o rendimento médio do trabalhador maranhense e, também, a massa salarial do Maranhão. Uma conclusão importante dessas análises, é que as taxas de reposição não estão em linha com as praticadas pela experiência internacional, sendo mais baixas quando comparadas com os programas de manutenção da renda e do emprego dos países europeus, cujas diferenças não se limitam à taxa de reposição, mas também a própria duração do programa e à proteção ao desemprego.
Em 18/09/2020
Por
Alex Brito, Daniele Amorim , Francisco P. Mascarenhas Jr e Jersiton Tiago Matos.
Analisou-se o impacto sobre o emprego considerando a destruição absoluta de postos de trabalho no trimestre finalizado em junho/2020 (segundo trimestre – 2T2020 – da PNADC/T, divulgada pelo IBGE) e a perda relativa de empregos a partir da comparação do último trimestre finalizado em junho (2T2020) com o primeiro trimestre de 2020 (1T2020) e com o nível de emprego que havia há 12 meses, em junho de 2019 (2T2019) . Entre os principais resultados encontrados neste estudo, pode-se listar os que seguem: a) O Maranhão é o segundo estado da região Nordeste onde o emprego foi mais severamente afetado pela COVID-19. Até junho de 2020, quatro em cada 10 maranhenses estavam desempregados e a taxa de desemprego real5 era de 39%, a segunda maior da região, superior às médias regional e nacional; b) Em geral, o emprego formal (do setor privado) é o menos afetado pela crise do Coronavírus. Considerando o primeiro semestre de 2020, as perdas de postos formais do setor privado foram de apenas 1,5%. c) Enquanto a ocupação formal do setor privado perde aproximadamente 6 mil postos de trabalho, o setor privado informal perde 88 mil postos de trabalho, o equivalente a quase 15 vezes o número de postos destruídos no setor privado formal da economia maranhense. Na região Nordeste, para efeito de comparação, a destruição de postos informais é de 1,4 vezes maior que a de empregos formais.
Por
Daniele Amorim, Francisco P. Mascarenhas Jr, Jersiton Tiago Matos, Alex Brito.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua Trimestral (PNADC/T), referente ao segundo trimestre de 2020, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana de agosto, apresenta um quadro bastante contundente dos efeitos da crise do coronavírus sobre a renda das famílias maranhenses, principalmente, sobre o rendimento proveniente do trabalho. Diante da ampliação na desocupação da mão de obra maranhense era de se esperar efeitos ainda mais dramáticos sobre o nível de renda. Nesse sentido, a partir dos indicadores de massa de rendimentos totais, rendimento médio efetivo e habitual por grupamentos de atividades e posição na ocupação e índice de desigualdade de renda, observaram-se, entre outros os seguintes resultados: a) no segundo trimestre de 2020, a massa salarial efetiva do Maranhão registrou queda de 17,9% em relação ao trimestre anterior. Em termos monetários, a perda foi de R$ 551 milhões, sendo R$ 247 milhões relativos à redução salarial. No Nordeste, a queda da massa salarial total, no mesmo período, foi mais intensa chegando a 22,9%, o que representa uma contração de R$ 8,1 bilhões; b) observou-se que houve crescimento da desigualdade salarial no Maranhão no 2º tri/19, com avanço de 4,7% do índice de Gini em relação ao mesmo período do ano anterior, acompanhado pela queda de 22,5% do rendimento dos 40% mais pobres, enquanto os 10% mais ricos obtiveram crescimento de 15,05% na renda efetiva.
Por
Alex Brito, Thiago Muniz, Daniele Amorim, Francisco Mascarenhas Jr
Logo no início da pandemia do coronavírus, as estimativas mais divulgadas pelos organismos multilaterais restringiam-se aos aspectos macroeconômicos, principalmente os impactos sobre a flutuação no PIB (principal e mais cortejada variável agregada). Atualmente, para além dos impactos macroeconômicos, a análise dos principais resultados científicos internacionais é enfática ao postular que a pandemia tem feito e fará mudanças distributivas avassaladoras, alterando sensivelmente a distribuição de renda e o nível de pobreza, principalmente nas regiões mais desiguais.
Além dos fatores biológicos e médicos, os aspectos socioeconômicos, como a desigualdade de renda e os fatores contextuais5, estão sendo cada vez mais considerados determinantes adicionais de fragilidade. Ambos têm impacto importante sobre o número de óbitos e de casos por milhão de pessoas.
Este texto de discussão propõe divulgar, com base na literatura internacional especializada, o papel central desses fatores na ocorrência dos casos de contágio e óbitos da pandemia. A reflexão é necessária tendo em vista a necessidade de se repensar o planejamento de políticas públicas de enfrentamento à COVID-19, que coloquem a dimensão distributiva como variável importante na predição de ocorrência dos casos e óbitos, e como indicador relevante para definir estratégias de proteção e seguranças às regiões mais vulneráveis.